09/04/10

sentimento - part 2

deito-me na cama, com os bombons de chocolate ao lado, para me confortar. dão-me energia, mas acima de tudo uma certa felicidade que não consigo obter de coisas incomestíveis.  mudo de janela e vejo pessoas no msn. pessoas por quem nutro (nutria) sentimentos tão fortes que  são (eram) capazes de mover montanhas. pelo menos, eu sinto (sentia) que sim. nutria, eram e sentia. no passado. falar de como as coisas mudam em tão pouco tempo, de como tanto sentimento se torna em ignorância, funciona melhor no passado. dá a entender que tudo se passou no passado, numa época distante, mas que agora, no presente, tudo se encontra melhor. transmite segurança, esperança. mas seguro apenas estou de que as coisas não vão mudar, e esperança? bem, a minha esperança foi com os porcos. foi tomada, arrastada, torturada, aprisionada e sufocada dentro de um frasco chamado "a realidade", frasco esse que tentei partir, demasiadas vezes, sem sucesso. resignado, deixei a garrafa em cima da mesa da minha vida, mesa essa , apesar de nova, com muitas marcas e já um pouco partida. sinto-me feliz a observar de longe essa garrafa e a examinar os meus sentimentos antigos e a rir-me deles. não porque lhes acho piada, mas sim porque eram tão irreais, tão inocentes, tão patéticos talvez. a pensar em como as coisas mudam em tão pouco tempo. a admitir e a resignar-me a viver assim também. ainda assim, há uma pequena parte de mim que quer mudar as coisas, quer falar com as pessoas, quer dizer-lhes a verdade e o que sinto. se é que sinto algo de todo. outra parte de mim, maior que a anterior, quer que eu durma durante uns anos. só para ver se as coisas se acalmam e se as pessoas se apercebem da realidade a tempo.
outra parte de mim, de tamanho igual à primeira, quer acabar com tudo. simplesmente isso. acabar com tudo. ainda estamos a decidir o porquê, quando e como, mas por esse caminho não me parece que seguirei. de facto, não me parece que haja algum caminho. estou num beco sem saída, com uma mesa, uma garrafa e lá dentro o que eu tinha de mais precioso.

alguém me quer ajudar a partir a garrafa? 

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